
Presidente dos EUA inicia esta terça-feira uma viagem oficial que o levará à Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos.
“É um gesto simpático do Qatar. Estou muito grato. Não sou o tipo de pessoa que recusa uma oferta destas. Poderia ser uma pessoa estúpida e dizer 'Não, não queremos que nos deem um avião muito caro'”, disse, na segunda-feira, o Presidente norte-americano, que deverá passar pelo Qatar esta semana no âmbito de uma digressão pelo Golfo.
A família real dos Emirados está a preparar a oferta aos Estados Unidos de um Boeing 747-8, avaliado em 400 milhões de dólares (360 milhões de euros) pelos especialistas e descrito pelos meios de comunicação norte-americanos como um “palácio no céu”.
O presente levanta a questão de potenciais conflitos de interesses, uma vez que a Constituição dos Estados Unidos proíbe expressamente os funcionários de aceitarem presentes “de um rei, príncipe ou Estado estrangeiro”.
Referindo-se a esta regra constitucional, os senadores democratas denunciaram a oferta, afirmando que “cria um claro conflito de interesses, levanta sérias questões de segurança nacional, convida à influência estrangeira e mina a confiança do público no Governo” dos Estados Unidos.
“Esta semana, vamos pedir ao Senado [câmara alta do parlamento norte-americano] que vote para reafirmar um princípio básico: ninguém deve usar o serviço público para enriquecer pessoalmente através de presentes estrangeiros”, anunciaram os senadores democratas Cory Booker, Brian Schatz, Chris Coons e Chris Murphy, todos membros da comissão dos Negócios Estrangeiros, numa declaração conjunta.
Murphy prometeu mesmo bloquear qualquer futura venda de armas a um “país que tenha negócios pessoais diretos com Trump”.
Questionado por um jornalista, Donald Trump garantiu que não iria utilizar o avião para fins pessoais após o final do mandato, como noticiado na véspera pela ABC News.
A emissora norte-americana disse que os advogados da Casa Branca e do Departamento de Justiça elaboraram uma análise, que entregaram ao secretário da Defesa, Pete Hegseth, concluindo que é legal o Departamento da Defesa aceitar o avião e depois o entregar ao acervo presidencial de Trump, quando este terminar o mandato em 2029, o que lhe permitiria continuar a utilizá-lo como cidadão privado.
“Devia ter vergonha de fazer essa pergunta”, respondeu Trump, na segunda-feira, a um repórter.
“Estão a dar-nos um avião de graça. Eu podia dizer ‘não, não, não, não no-lo deem', quero pagar mil milhões de dólares ou 400 milhões de dólares, ou o que for. Ou podia dizer: ‘Muito obrigado’”, continuou.
A utilização de um avião doado por uma potência estrangeira levanta igualmente sérias preocupações em matéria de segurança: o Air Force One foi concebido para servir de centro de comando móvel para o Presidente em caso de ataque contra os Estados Unidos.
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